sábado, 14 de mayo de 2011

Programa de Paz en Curitiba . Web AMAS

Programa de Paz da Associação Menonita de Assistência Social – AMAS
No nome de Jesus na prevenção da violência contra a mulher e a criança

http://www.amasbrasil.org.br/informativo_link.php?codigo=19

Como parte de uma estratégia de promoção de uma revista de ampla difusão no Brasil, recebi um exemplar da mesma no aeroporto de Curitiba. De volta para a casa no ônibus, decidi dar-lhe uma olhada e achei um artigo muito interessante cujo título é: “O mundo é masculino e assim deve permanecer”[i]. Imediatamente fiquei muito empolgado com aquele escrito e logo comecei ler-lo.

A escritora do mesmo descreve como no ano 2007 o juiz Edílson Rumbelsperger Rodrigues, ágio dentro de uma sentencia judicial por causa de violência exercida por homens contra mulheres. Entre outras, ele (o juiz) diz que a Lei Maria da Penha é um conjunto de regras diabólicas e que as armadilhas dessa lei tornam o homem tolo, mole. Diz que o mundo é masculino e assim deve permanecer.

Por sua parte, Maria da Penha Maia, nome da qual a Lei pegou o nome (Lei 11.304/06) é uma mulher brasileira que foi vitima da violência exercida pelo seu ex marido (professor universitário) quem tentou matá-la em duas ocasiões o que levou ela, entre outras, a ficar paraplégica. Agora ele esta livre depois de pagar só dos anos de prisão.

Em media, cada dia no Brasil, mais de 2700 mulheres são vitimas da violência doméstica e mais de um milhão por ano. A cada 15 segundos, uma mulher brasileira e agredida[ii]. A violência doméstica é a maior causa de morte e invalidez das mulheres com idades entre os 16 e os 44 anos de idade, ultrapassando o cancro, acidentes de viação e até a guerra[iii].

Segundo o Relatório do Programa Mulher de Verdade 2010 da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, do total de casos atendidos e notificados como violência contra a mulher, em media o 80% das vitimas tiveram que acudir as unidades de saúde ou aos hospitais[iv]. Isto mostra uma vez mais a crua realidade deste crime ou delito e as implicações físicas e psicológicas sobre a vida das mulheres (alem das outras conseqüências). Não é demais lembrar que a grande maioria das vezes, por diferentes razões como o medo as ameaças, as agredidas decidem não informar ou denunciar. Porém a vida delas fica limitada pela violência. E a vida é muito mais do que respirar, comer, ouvir, caminhar; a vida é essência de Deus.

“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10:10). O principal mandamento de Deus é amar, é o amor. No amor fica fora toda violência. A violência é contra a vida que é um Dom de Deus. A violência é contra Deus mesmo que cuida dos seus filhos e filhas. O amor tem como um dos principais sustentos, o respeito. Quem ama, respeita.

Quem Ama, respeita! É a mensagem central do Programa de Paz da Associação Menonita de Assistência Social (AMAS). O Programa de Paz que está sendo construído em parceria com o Comitê Central Menonita quer oferecer alternativas pacíficas e cristãs à violência contra a Mulher e as crianças. È urgente apoiar a reconstrução de uma sociedade onde se fale mais do amor do que da violência. O Programa de Paz quer dar um alivio a esta desumana realidade, e melhor ainda, apoiar na causa da prevenção.

Desta forma o Programa de Paz – “violência contra mulher” vem ao encontro para sensibilizar, prevenir a sociedade numa perspectiva cristã e de direitos, criando mecanismos de enfrentamento desta situação numa equipe técnica preparada para acolher no sofrimento e informar sobre os aspectos sociais, psicológicos e jurídicos da situação.

Mas o desafio é bem grande. Nada é fácil neste sonho de acabar com a violência. Nada é fácil para levar com sucesso a proposta do Programa de Paz. São necessárias muitas coisas e a soma de vários esforços não só para ter um bom começo, mas para o que é mais importante, ter um programa desenvolvido com e para as comunidades onde AMAS têm participação ou serviço. Isto não significa que a proposta é só olhar para dentro porque um dos eixos do mesmo é a articulação em rede (s) de proteção e prevenção social que trabalhem o tema.

Os primeiros passos foram já dados, o caminho está sendo construído. Vários pastores e coordenadoras dos projetos (creches) da AMAS têm manifestado a abertura e o interesse em abordar o tema dentro das instituições e oferecer um serviço básico para as mulheres e crianças. Como tal, o Programa de Paz tem começado no dia 15 de março de 2011 com a chegada do casal colombiano Liliana Woo e Oscar Calvachi como parte da parceria feita com o Comitê Central Menonita. Ela é psicóloga especialista em Psicologia Clínica – Terapia Familiar e estudos em Trauma Awareness and Resilience (STAR); e ele é advogado, especialista em Direitos Humanos e estudos em gênero e teologia. Liliana faz parte da igreja dos Irmãos Menonitas e Oscar, da igreja Menonita em Bogotá. A maior parte de sua vida professional tem sido desenvolvida no acompanhamento de vitimas da violência, especialmente, por causa do conflito armado interno que sofre Colômbia há vários anos atrás.

Temos também na equipe técnica Wanda Hudson, missionária da Igreja Batista Missionária de Pirapora MG, formada em Enfermagem, especializou na área de assistência a criança e adolescente que vive em vulnerabilidade e risco social, trabalha dentro do programa na parte de Prevenção a violência doméstica com crianças e adolescentes. No acompanhamentos específicos através de rodas de conversa, oficinas com temas específicos voltados a esta temática.
É interessante perceber como essas crianças/adolescentes estão dispostos em sua maioria a falar e debater sobre os temas colocados.Houve em particular uma garota que usou a seguinte frase em sua participação no grupo: Tia Tia Tia, com o dedinho levantado: minha mãe ficou muito nervosa depois que meu pai saiu de casa, outro dia ela pegou a corrente do cachorro e bateu um monte em minhas pernas eu fiquei bem machucada!!!!”Eu não consigo perdoar ela”!!

Logo depois um garoto disse, chupando seu delicioso pirulito com uma forma descontraída disse: Sabe Tia, meu pai batia tanto no meu irmão e em mim que a policia acabou nos levando para uma casa de passagem, ficamos la por 2 meses a minha mãe ta presa, as vezes ele ainda me bate mas não é taaannnnttoooooo como antes mas me bate!!!!

Diante desses relatos muitas vezes é difícil encarar uma realidade tão dura, mas procuramos agir com “profissionalismo” e amor!!! Se doe em nosso coração imaginem o quanto doe no coração desses pequeninos!!!!

Em casos como estes, procuramos os pais e tentamos construir uma ponte entre eles e os filhos, conversamos, orientamos e encaminhamos cada caso.

Hoje com a equipe do Programa de Paz conseguimos entrar em cada família que esteja disposta a receber ajuda, começamos nas oficinas com as crianças/adolescentes e conseguimos chegar até os pais, os quais muitas vezes, são eles que necessitam de acompanhamento maior.Então descobrimos que a maioria das vezes ocorre violência em diversas formas dentro de casa, onde não só as crianças e adolescentes são vítimas, mas também as mães(mulheres) e outros que convivem no mesmo ambiente.

Em parceria com professores, coordenadores de cada projeto da Amas conseguimos dar o suporte de acolhimento, conhecimento dos casos, atendimento psicológico, jurídico e social, isso nos faz uma grande e boa equipe para sustentar o eixo anteriormente mencionado, o eixo sócio-familiar o qual estava adormecido.Também precisamos de você como parte dessa equipe, esteja contribuindo conosco em oração, precisamos muito de seu apoio.

Graças a Deus pela inspiração para AMAS que valente e decididamente tem ousado adiantar como um trabalho tão urgente, mas também tão complexo e difícil num contexto cultural geral tão adverso quando da prevenção da violência se trata.

                                                                                         Equipe Programa de Paz

Orientação aos Coordenadores dos Projetos

Oficinas com pais e funcionários




[i] Rut Aquino, Revista Época, Editora Globo, 28 Fevereiro 2011, No.667 I, Pág. 122 (www.epoca.com.br)
[ii] Segundo dados da pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo, http://www.fpabramo.org.br/
[iii]Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, Recomendação 1582 (2002)1 (1)
[iv] No Brasil, a violência contra a mulher é tratada agora como um problema social e de saúde pública. Pode-se ver também: II Plano Nacional contra a Violência Doméstica 2003-2006